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Eu tinha dormido mal naquela noite, eu ainda conseguia sentir aqueles malditos olhos me observando junto com aquela respiração pesada que parecia tirar o ar de meu corpo, não sabia o por quê, mas eu ainda conseguia sentir aquela fria faca em minha barriga, mesmo que...mesmo sabendo que nada daquilo era real, era...era apenas um sonho e sonhos não podem me machucar...né?
não contei nada ao meu pai, muito menos para Martha. apenas...apenas esperei dar o horário de ir para a escola e fui todo o caminho calado. o dia estava fresco e bem ensolarado, porém aquilo me incomodava, toda aquela "perfeição" em uma manhã estava sinistra de mais.
- EVAN! -gritou meu pai furioso, pelo visto ele estava me chamando já fazia tempo
- meu deus Evan!
- desculpa pai, do que o senhor estava falando?
ele suspira e aperta o volante
- estava dizendo que espero que consiga fazer amigos, okay? você é um bom garoto, não precisa ser tão tímido o tempo todo.
suspiro e cruzo os braços enquanto voltava a olhar para aquela paisagem. alguns minutos depois chegamos na escola, ela parecia bem...normal? por que tudo naquele lugar era normal menos minha casa???
- tenha um bom dia de aula, filho.
diz ele enquanto estacionava na vaga de deficientes e me tirava do carro, eu estava vestido com um casaco de moletom cinza sem mangas, pois eu meio que gostava de mostrar meus braços, eles era bem definidos em comparação as minhas pernas que eram tortas e finas, falando em pernas...eu também vestia uma calça jeans escura e um all star branco, para da um charme também coloquei brincos de ouro e fiz um rabo de cavalo com meus dreads.
- eu me viro a partir daqui pai, valeu.
dou um sorriso simpático a ele enquanto o mesmo botava minha mochila em meu colo, logo sorri e entra no carro, na entrada havia rampas, então não foi problema sair do estacionamento e ir para o portão da escola. ela era até que bem bonita, moderna e arborizada, mas por ser tão grande acabei ficando meio perdido.
- oi, ahm...bom dia
me aproximo timidamente de um garoto alto e magricela, ele era bem branco e possuía varias sardas pelo corpo, o mesmo estava bebendo no bebedouro quando me aproximei
- você pode me dizer onde é a sala 357?
- eu também extou nexa xara, podemox xer coregax de craxe
viro a cabeça um pouco para o lado sem entender muito bem o que ele dizia, o mesmo repara e sorri envergonhado enquanto corava
- eu tenho a ringua prexa, não xei farar o R e o X
dou uma risada nasal até que aquilo foi engraçado
- não sabe dizer o L e o S?
- xim
acabo deixando uma risadinha escapar, o jeito que ele falava era estranhamente fofo
- sou Croats, Evan Croats e você?
digo enquanto estendo minha mão para ele e o mesmo me cumprimenta
- xou crixtian martinx, vamox xer bonx amigox
caminhamos até a sala de aula e lá sentamos juntos, a turma era até que bem normal.
- Evan, o que é ixo na xua mão?
ele apontou para a minha mão direita que possuía pequenas manchas claras
- ah...nada de mais...só meu vitiligo
falo meio envergonhado, porém Cristian acaba se amarrando em minha doença de pele
- uuuuuooooou ixo é muito regar! você parece um perxonagem muito regar de anime!
acabo sorrindo de forma boba com o elogio
- obrigado Cristian!
a professora chegou em sala de aula, todos se calaram e ouviram o que ela tinha a dizer.
- então alunos...
um tempo depois
- não acredito que vamos ter que entrevistar velhos num asilo, o querem que façamos? oh querido senhor, poderia nos dizer como era na época das cavernas quando não existia celulares?
Cristian ri de minha reclamação, nós começamos a andar para casa, pois acabei descobrindo que ele morava até que perto de minha casa e o condomínio era apenas uns 37 minutos de caminhada.
- ah vai xer regar, ouvi dixer que rá tem um dox poucox xobreviventex de jeff the kirrer
sinto meu corpo estremecer e congelo ao escutar aquele nome, logo sinto vontade de vomitar, cristian para de andar e olha para mim confuso.
-ta tudo bem Evan? você ta branco.
ele vai para trás de minha cadeira e começa a me empurrar, assim voltamos a andar.
- ah...nada eu...só...sei lá...não curto muito esse nome
ele arregalou os olhos imediatamente e apertou minha cadeira
- tá brincando??? você ta morando ra??
- é...
- meu deeeeux ixo é incriver!!!! dixem que aquere rugar é amardiçoado pra caramba!
- okay Cristian isso não ta ajudando
falo em tom serio e o mesmo se cala, logo comecei outro assunto e foi assim até chegarmos na nossa rua
- valeu por me acompanhar cara!
damos um toca aqui e caminhamos em direção de nossas casas.
- Martha! cheguei!
escutei nada, então fui entrando em casa de forma cautelosa
- Martha??
começo a sentir meu coração acelerar, caminho por todo o primeiro andar, ela não estava em lugar nenhum, o único lugar que não procurei foi o escritório então fui lá
- Martha?
ao entrar no escritório dou um berro com toda a força de meus pulmões e a coisa grita também por susto
- QUE PORRA EVAN!!!
gritou Martha dando um pulo de sua cadeira de maquiagem, fique ofegante e branco por causa do susto
- por que gritou???
ela estava tão assustada quanto eu, seus cabelos estavam de pé e sua maquiagem estava borrada
- porra! você morra na casa de um assassino de cabelo longo preto e você vem com um cabelo igual o dele! o que você queria?????
ela acaba rindo com a situação e logo se acalma
- querido está na moda okay? cabelo longo e preto combina com qualquer roupa e maquiagem
reviro os olhos e a olho de cima a baixo, ela estava com seu roupão branco e com umas coisas estranhas de maquiagem na cara
- que tal na próxima colocar uma sombra preta bem forte no olho e usar um batom vermelho borrado? vai ficar igualzinho
ela da uma risada nasal e volta para a sua cadeira enquanto eu saia do escritório para ir pro meu quarto
- oi toddy!
cumprimento meu poodle que estava querendo entrar em baixo da cama
- toddy? que foi garoto?
ele não parava então com dificuldade o puxo para fora, arregalo os olhos e olho perplexo para a boca de meu cachorro que estava com um isqueiro ensanguentado entre os dentes.
Fonte: https://www.facebook.com/groups/1619070468141450/permalink/3873863859328755/